A Hungria de hoje tem todos os tipos de influência vindas de outros países da Europa, como os grandes boulevards herdados do Império Austro-Húngaro, os Gyros (sdds) e os banhos vindos da influência dos turcos, durante muito tempo de invasão. O que quase ninguém sabe é que Budapeste tem uma grande influência de Roma.
Acontece que o rio Danúbio (carinhosamente chamado de “Duna” em húngaro) era uma das fronteiras do Império Romano na sua maior dimensão. A província onde parte da atual Hungria se encontrava era chamada de “Pannonia”, e diferentemente como o Aegyptus, a Cappadoccia, a Mauretania e as Germanias, seu nome romano não prevaleceu para a posterioridade. (Aegyptus seria um equivalente ao Egito; Cappadoccia para a Capadócia, região da Turquia; Mauretania era considerada uma região do norte da África, onde ficaria o Marrocos hoje mas que denomina outro país na região do Saara; e as duas Germânias são uma base para a Alemanha de hoje).

Foto do mapa que eu tirei em Budapeste. Máquina simples + pessoa baixinha + objeto em altura não são boas combinações.
Toda a região da atual Buda estava sob a jurisdição da Pannonia, e justamente uma capital foi construída no que hoje é conhecida como “Óbuda”, a região mais antiga de Budapeste. Essa capital era como qualquer outra cidade romana, com um mercado, um templo, casas e ruas.
Olha que eu costumo pesquisar bastante sobre os lugares que estou indo visitar, mas só descobri essas ruínas no trem a caminho de Szentendre, com dois amigos. Elas tinham forma de aquífero, e fomos pesquisar a respeito em casa.
Pesquisando um pouco depois, descobrimos que havia um museu dedicado a essas construções, que era chamado de Aquincum (aquífero em latim), e que havia um espaço ainda com muitas ruínas. Era o que tínhamos visto. Decidimos ir lá ver, porque né…?
Eu fui com o Diego, um amigo de Minas até Batthany Tér, na linha vermelha do metrô, onde pegaríamos o trem metropolitano que tem início ali, e a parada final em Szentendre. Como a parada do Aquincum era ainda dentro dos limites de Budapeste, não precisaríamos pagar a passagem, pois tínhamos os passes municipais.
O trem sai como de 8 em 8 minutos, e apesar dele ser antigo, a ida é confortável pois você ainda pode escolher um lugar pra sentar. Esperamos até chegar na parada “Aquincum”, e descemos.
Estávamos indo fim da tarde já, e o museu fechava tipo uns 20 minutos depois de chegarmos. Era ainda um dia de semana, e só tinha ~nós dois~ no parque inteiro. Eu achei super estranha a sensação de estar no meio daquelas ruínas milenares só com o Diego, mas eu liguei aquela tecla famosa e fui conhecer.
Realmente não há muito o que ver ali. Existem algumas ruínas, e indicações sobre que lugares elas eram. Uma ruína era o mercado da cidade, outra era um templo dedicado a uma deusa, e havia inclusive um modelo de como seria uma tradicional casa romana, com modelo de sala, quarto e móveis.
Também tem uma parte que mostra algumas relíquias achadas nas escavações, como vasos, porcelanas e algumas estátuas. Realmente é de se impressionar que Budapeste foi sim um reduto da cultura romana por anos!
Então, pra quem tem alguns dias de sobra, é interessante passar umas duas horas para conhecer o Aquincum. Foi uma programação totalmente diferente de todas que eu já tinha feito em Budapeste, especialmente pelo fator surpresa. Mas depois de já ter conhecido Roma, o Aquincum não me impressionou muito.
Fica uma crítica para o desenvolvimento do turismo em Budapeste: o Aquincum é um lugar de um tremendo potencial, mas ele é basicamente ignorado pelas autoridades e guias de turismo em Budapeste. Se mudasse um pouco a divulgação do local, e se aumentassem relatos de visita, além de instigar outras pessoas a ir, o local pode se tornar um outro marco para a cidade. Tenho certeza de que se certas providências fossem feitas, o Aquincum teria muito mais visitantes do que eu e o meu amigo naquela tarde.