Lugares alternativos

A experiência de fazer intercâmbio é única e bem especial. Se desafiar em um lugar onde você não conhece ninguém e obter pequenas, mas significativas mudanças no cotidiano é muito engrandecedor. Aliás, qualquer experiência no exterior por si só já é imensamente impactante.

Geralmente, brasileiros procuram realizar essa experiência de morar duas semanas, seis meses ou até um ano fora em países anglófonos, ou seja, países cujo idioma oficial é o inglês. Considerar outros destinos que pouco a pouco ganham popularidade como a China, o Japão, a Índia, a França e a Hungria não parecem ser uma opção pelo seguinte fato: lá não se fala inglês como primeiro idioma.

É disso que vim falar hoje aqui. Fazer intercâmbio em países que não sejam o Canadá, Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Irlanda e Nova Zelândia é muito bom também! Se a desculpa maior é a de que você precisa aprender o inglês, listo aqui motivos para pensar fora da caixa:

  1. Você vai aprender inglês de qualquer maneira! 
    Próprio conhecimento de causa. Quando eu morei em Budapeste, só se falava inglês na rua. Existem muitos estudantes de intercâmbio na cidade, e querendo ou não, o inglês era o idioma universal entre todos nós. Mesmo com amigos latino-americanos que eu convivia diariamente por lá, conversávamos bem pouco em espanhol e em português. Você acaba praticando o inglês involuntariamente, com pessoas nativas e não nativas, e que falam um inglês entre o básico e o excelente. Fora isso, em qualquer loja, restaurante ou afim, a comunicação era só em inglês.

    Como não amar esse dia e essas pessoas?

    Como não amar esse dia e essas pessoas? (na foto estão presentes pessoas da Itália, Estados Unidos, Alemanha, Geórgia, Cazaquistão, Colômbia, Austrália e Guatemala)

  2. De quebra, você vai aprender um novo idioma!
    Voltei da Rússia adicionando russo básico no meu currículo, o que chamou a atenção de muita gente. Quem do seu círculo social sabe se comunicar em russo? E em chinês? E em alemão? E em finlandês? Que tal ter um diferencial nos idiomas?

    Singelo nome da minha parada de ônibus

    Singelo nome da minha parada de ônibus (a tradução disso é “Grande Mercado”)

     

  3. Conheça lugares que são fora do óbvio.
    Tirar foto na frente do Big Ben ou da Estátua da Liberdade quase todo mundo tem. Agora nadar na piscina mais alta do mundo no Marina Bay Sands em Cingapura, observar os leões, as zebras e as girafas num safári no Quênia ou até mesmo visitar um palácio bem fofinho no interior da Hungria sem a multidão comum de Versailles é um pouco mais exótico, certo?

    Eu na Praça Vermelha

    Eu na Praça Vermelha

  4. Experimente comidas que você dificilmente encontrará no Brasil (e dependendo, até em outros lugares!).
    Um bratwurst quentinho com catchup e mostarda, um kürtoscalács de canela com uma casquinha bem crocante, uma sopa de pelmeni bem temperada, uma picada de domingo com chorizo, carneiro e cordeiro saindo do fogo, e ir em qualquer supermercado e encontrar uma lata de caviar de beluga, podendo também comprar um sour cream para acompanhamento… deu até fome!

    Nhami!

    Nhami!

  5. Você estará ajudando a quebrar paradigmas!
    Morar fora, especialmente em um lugar “exótico” chama muito a atenção das pessoas que são próximas a você. Depois de morar um tempo na Alemanha, na Finlândia ou na Rússia, você pode ajudar a mostrar que as pessoas de lá não são frias como se pensa por aqui.
    Também você pode comprovar que o comunismo acabou nos países da Europa do leste (sim, meu avô jurava que a Rússia ainda vivia sob o regime comunista).
    Você também pode afirmar que os japoneses não comem só sushi ou que os chineses não só comem baratas, gafanhotos, carne de cachorro ou outros tipos de comidas “diferentes” para nós, brasileiros. (Alô gente, comemos coração de frango e muitos estrangeiros acham isso horrível). Seja a vanguarda! Seja descobridor! Engaje os outros a pensar diferente!

    Melhor lugar: povoado de onde a minha família veio.

    Melhor lugar: povoado de onde a minha família veio.

Não me arrependo nem um pouco de ter ido para a Hungria e a Rússia, e se der tudo certo, ano que vem faço mais um intercâmbio? Destino?! Não posso falar, mas garanto uma coisa: ele será fora do óbvio.

Sou uma flor na Hungria!

Depois de ter ido pra Rússia, achei que qualquer outro idioma seria mais tranquilo. Afinal de contas,  apesar das diferenças, o alfabeto é diferente, algumas palavras não tem nada a ver com o português e muitas pessoas não falam uma palavra de inglês por lá.

Decidindo ir pra Budapeste, achei que tudo seria mais tranquilo, pois afinal de contas, o húngaro tinha um alfabeto bem semelhante ao nosso, e muitas pessoas por lá falavam inglês, pela cidade ser bem preparada para estudantes e ter até um certo apelo para o turismo.

E realmente foi, já que em quase todos os lugares a comunicação era tranquila, pois diferente da Rússia, muitos falavam inglês. Mas sobre o húngaro em si, eu o resumo em uma palavra: impossível.

Primeiro que o húngaro não é um idioma latino, e sim ele é da casa dos idiomas fino-úgricos, ou seja, o idioma mais parecido do húngaro é o finlandês. Uma professora da escola que trabalhei lá em Budapeste que conhece várias línguas, no entanto, afirma que ela particularmente não vê nenhuma entre esses idiomas. Como eu não sei nada de finlandês, não posso afirmar nada a respeito.

Moral da história: por essa facilidade de comunicação em inglês e essa dificuldade em húngaro, acabei aprendendo bem pouca coisa do idioma, diferente do russo, que consigo até entender quando duas pessoas conversam tranquilamente.

Mesmo assim, é bom saber alguns detalhes sobre a comunicação em húngaro. Uma curiosidade é que ele possui 14 vogais e 27 consoantes! Ui! O alfabeto é o seguinte:

A, Á, B, C, Cs, D, Dz, Dzs, E, É, F, G, Gy, H, I, Í, J, K, L, Ly, M, N, Ny, O, Ó, Ö, Ő, P, Q, R, S, Sz, T, Ty, U, Ú, Ü, Ű, V, W, X, Y, Z, Zs

Foco para:

  • A letra A tem som de “o”
  • A letra C tem som de “ts”
  • A letra S tem som de “sh”
  • A letra Sz tem som de “s”
  • A letra Zs tem som de “j”
  • A letra E tem som de “é”
  • A letra É tem som de “ê”
  • A letra J não tem som (como “i” antes de vogal)
  • A letra O tem som de “ô”
  • A letra Ö é um ô mais longo
  • A letra G tem som de “g” de gato, em qualquer posicionamento (mesmo vindo de i ou e)
Singelo nome da minha parada de ônibus

Singelo nome da minha parada de ônibus

Algumas palavras são interessantes de se conhecer em húngaro. Honestamente não aprendi muitas expressões, mas sabe aquele ditado “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”? Fica uma dica de tentar saber o máximo de expressões possíveis, para uma forma até de educação com o povo húngaro.

  • Szia! – Olá/Tchau (para uma pessoa)
  • Sziestok! – Olá/Tchau (para mais de uma pessoa)
  • Köszonöm – Obrigado(a)
  • Duna – Danúbio
  • Utca – Rua
  • Tér/Tere – Praça (muito útil para quem anda de metrô!)
  • Pályaudvar – estação de trem (via Keleti Pályaudvar, Nyugati Pályaudvar)
  • Híd – Ponte (Margit híd, Lánchid)
  • Nágy – Grande
  • Víz – Água
  • Igen – Sim
  • Nem – Não
  • Desculpa – Bocsánat!

E como sempre, por curiosidade, os números de 1 a 10:

  • 1 – egy
  • 2 – kettő
  • 3 – három
  • 4 – négy
  • 5 – öt
  • 6 – hat
  • 7 – hét
  • 8 – nyolc
  • 9 – kilenc
  • 10- tíz

Uma curiosidade sobre o meu nome é que assim como em russo, na Hungria o meu nome oficialmente não começa com C, e sim com K, sendo Kamilla ao invés de Camilla. E o mais curioso é que Kamilla significa “camomila” em húngaro! Ou seja, eu via meu nome em todos os lugares! Desde em shampoos até em pacotes de papel higiênico, haha. Por isso o título do post, eu sou uma flor em terras húngaras! <3

A emoção foi tanta quando eu vi um produto com o meu nome escrito pela primeira vez certo (sim, considerando que o meu nome inicia com K por lá) que acabei o comprando! Menos mal que não foi um pacote de papel higiênico (como já tive por lá), mas sim um melzinho misturado com Camomila! ;)

Enfim, eu não quis ter dores de cabeça ao tentar aprender húngaro por lá, mas quis no mínimo aprender alguma coisa. Mesmo assim, todo viajante sério deve aprender pelo menos o básico para poder ter uma experiência mais completa!