Visitando o cemitério da Recoleta

Nessa viagem à Buenos Aires fiquei hospedada na Recoleta, local nobre da cidade que possui vários parques, lojas, bares e restaurantes. Somente por isso, o bairro em si já tem muitos atrativos que chamam a atenção dos turistas, mas existe outro lugar onde a visita é imprescindível a quem visita a cidade: o cemitério da Recoleta.

Ali estão enterradas diversas personalidades do país, como ex-presidentes, políticos, ganhadores de prêmios Nobel e pessoas da alta sociedade portenha.

Pode parecer mórbido, mas o passeio no cemitério foi muito agradável e interessante. Ali, muitas famílias da alta sociedade Argentina possuem seus grandes – e muito bem cuidados – mausoléus, onde descansam em paz para a eternidade. Também achei um excelente lugar para tirar fotos!

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Como todo cemitério, existem algumas histórias curiosas e inclusive relatos de fantasmas de andam por ali. Posso citar rapidamente algumas das mais famosas:

  • A dama de branco: Rufina Cambaceres era uma jovem que viveu na virada do século XIX que dizem que “morreu duas vezes”. Existem várias versões de sua história, sendo a mais famosa, a descoberta de um caso da sua mãe com seu namorado, o que a fez desmaiar e nunca mais acordar. Outros dizem que a mãe, ao chamar a filha para uma festa, descobriu seu corpo morto no chão.
    Dizem que ela morreu duas vezes pelo fato de que ela possivelmente foi enterrada viva (modo de dizer pois neste cemitério, as pessoas não são enterradas, e sim só colocadas). Isso se dá pelo fato de que, dias após o sepultamento, funcionários do cemitério achavam que o mausoléu estava estranho. Ao abrirem o caixão, arranhões  foram encontrados do lado de dentro, e o corpo estava fora do lugar.
  • A noiva: Eliza Brown era uma moça que estava noiva de um rapaz chamado Francis Drummond. Este foi lutar na Guerra da Cisplatina, e acabou morrendo durante uma batalha. Ao receber a notícia da morte do amado, ela se jogou no Rio da Prata usando seu vestido de noiva, o que deu fim trágico a essa história.
    Seus restos mortais estão em destaque, numa caixa verde feita de bronze.
  • A avalanche: Liliana Crociati faleceu em Innsbruck, na Áustria, em 1970. Ela estava em lua de mel com seu marido quando uma avalanche soterrou o hotel onde estavam dormindo. O marido acabou sobrevivendo, e o mais curioso é que seu cachorro Sabú morreu na mesma hora da avalanche, em Buenos Aires. Até hoje o túmulo é frequentemente ordenado com flores.
  • O funcionário: David Alleno trabalhava como cuidador no cemitério da Recoleta. Ele economizou o dinheiro de uma vida de trabalho quase inteira para comprar um túmulo ali, e diz que ele se matou para poder estrear o túmulo. Oi?
  • Evita: Talvez a personalidade mais famosa para olhos brasileiros, a ex-primeira dama argentina Eva Perón está sepultada ali, porém nem sempre foi assim. Após sua morte decorrente de um câncer de útero agressivo em 1952, seu corpo ficou exposto por cerca de três anos para que os argentinos pudessem homenageá-la.
    Em 1955 com a queda de Perón, seu corpo sofreu uma espécie de peregrinação, com a missão de ser sepultado anonimamente. Ela acabou sendo enterrada na Itália sob uma outra identidade, mas seu corpo retornou à Argentina em 1976, onde finalmente foi sepultada no túmulo da família Duarte, e lá permanece até hoje.

Seguem mais fotos abaixo!

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A entrada é gratuita, assim como as visitas guiadas que acontecem à tarde. O cemitério localiza-se na Av. Junín, 1760.

Brasileiros e algumas sutis peculiaridades

Ouvir alguém conversando em Português não é nada estranho ou diferente em qualquer confim do mundo. A cada dia que passa, mais brasileiros vão para o exterior em busca de férias ou imigração, e cada vez mais, esses brasileiros se tornam embaixadores da nossa cultura e costumes perante outras pessoas.

Mesmo assim, pequenas características pertencentes ao nosso ser e nossos costumes ainda são diferentes e até curiosas para pessoas de outras nacionalidades, especialmente aquelas que não tem muito contato com o exterior e com outros estrangeiros.

Brasileiros lindos, em Brastislava

Brasileiros lindos, em Brastislava

Um dos nossos costumes – e acredito que de muitos outros lugares – é de beber água. Digo SÓ água, sem nenhum tipo de aditivo. Na Rússia, a Tanya, minha host mother, e alguns professores da escola onde eu trabalhava simplesmente não conseguiam entender esse fato!

Como eu viajei no inverno, e o chá é uma das bebidas nacionais da Rússia, simplesmente todos tomavam chá. Só que eu não gosto nem um pouquinho de qualquer tipo de chá, simplesmente é uma bebida que eu não consigo tomar. Na escola, quando me ofereciam chá, eu agradecia e dizia que eu preferia beber água. Tudo bem, mas daí já vinha aquela dúvida: “Água? Só água? Tudo bem.” E logo ofereciam água quente, que iria ser utilizada para o chá. Sem problemas.

Em casa, sempre acontecia essa situação! A Tanya, pra facilitar a nossa vida, comprou um jarrinho de água com uma espécie de filtro onde eu poderia simplesmente encher e colocar na geladeira, e assim eu poderia beber água quando eu quisesse. Na Rússia, diferentemente de outras regiões da Europa, a água da torneira não é potável. Mesmo assim, ela não entendia o fato de eu tomar só água até o fim do meu intercâmbio.

Falando ainda nas minhas casas da Rússia e da Hungria, existe uma separação entre chuveiro e vaso sanitário. Cada um fica em um cômodo diferente, mas tudo bem até aí. Um fato curioso que achei for o fato da máquina de lavar se encontrar no cômodo do chuveiro e de não haver lixinho em qualquer banheiro. Meus amigos europeus acharam “nojento” o fato de no Brasil, se ter um lixinho no banheiro, e especialmente os russos achavam engraçado quando eu contava que existia um cômodo nas nossas casas só para lavagem de roupa (área de serviço).

Alguns hábitos alimentares brasileiros eram também curiosos pra alguns amigos. A minha roomate australiana, a Rekha (que já viveu em vários países na Ásia, então uma pessoa bem internacional), não entendia o fato de tomarmos café durante a manhã, especialmente o café preto. Segundo ela, era uma bebida muito forte para a manhã. E um dia ela ficou impressionada com o fato dos brasileiros tomarem vitaminada de abacate, ou seja, abacate com açúcar, e não com sal. Para ela, só se comia abacate com sal e nada mais! Mas por exemplo, eu, com meu sangue latino também não consigo comer qualquer coisa doce com abacate.

Mas a coisa mais trash que ela achou foi a nossa paixão por coraçãozinho de frango! Mas também… qualquer estrangeiro sem ser acostumado vai achar estranho comer coração de qualquer coisa. Na festa de despedida dela que aconteceu junto com a de outra brasileira, decidimos preparar algumas comidinhas como polenta, bolo com chantilly e doce de leite, e coraçãozinho assado no forno! Eu fiz ela provar um pedacinho e ela odiou, hehe. O mais engraçado era ver a reação dela vendo todos os brasileiros comendo corações como a coisa mais comum do mundo! ;)

E se você é brasileiro, vão sempre te perguntar por nossas características mais comuns! Futebol, música, carnaval e tudo que lembra o Brasil! No meu primeiro dia em Budapeste, conheci um conterrâneo Colombiano que dizia que gostava de Reggaeton, e amava o Funk carioca! Ele ligou todas aquelas músicas bem trash de funk e nós dois começamos a dançar o créu, em pleno Castelo de Buda. YOLO! Se algum brasileiro chegasse, já ia começar a rir da gente por lá, hehe.

Fora essas pequenas historinhas que contei, já fui abordada com curiosidades sobre diversas coisas! Alguns estrangeiros não sabiam o significado de se usar roupas de certas cores no réveillon, ou se impressionavam com o fato da temperatura mais fria em toda a história de Manaus ter sido de ~somente~ 13,5 graus nos anos 70, ou pelo fato de conseguirmos viver todos em um grande país com paisagens e culturas diferentes, sem perder a identidade nacional.

Somos admirados pela nossa alegria, garra, companheirismo e tato com o próximo. Às vezes pensamos que a imagem do Brasil no exterior é negativa em todos os aspectos, mas para aqueles que não vivem de ignorância e de pessoas ignorantes, o Brasil é considerado um país incrível e os brasileiros são felizes e bem invejados! Muitos amigos russos ficavam reclamando que boa parte do ano era tudo muito frio, pessoas e clima, e que nós tínhamos praias, pessoas bonitas e muitos motivos pra sorrir. ;)

E para fechar, ainda na Rússia, estávamos sentados 3 brasileiros, 3 chineses, um indiano e uma russa comendo uma besteira no McDonald’s. Do nada, um dos brasileiros começou a atazanar uma das chinesas (que ele tinha o prazer bom de irritar) falando que na China se comia cachorro, e que eles eram muito sem coração por isso. A chinesa replicou que não, que eles não comiam cachorro, e que era história que inventavam.

O brasileiro começou a implicar com ela falando que os cachorrinhos eram bonitinhos e que os chineses não tinham que comer essas coisas, e por aí foi. Ele importunou tanto a menina que ela confirmou que sim, eles comiam cachorro, eles os criavam pro abate e que era bem gostoso.

Então comecei a falar que estava com saudade de comer churrasquinho de gato no Brasil, e os dois brasileiros começavam a falar que também, só na brincadeira. Essa chinesa nos olhou com uma cara de nojo e ficou meio que “eca, vocês comem gato! Que nojo”. Nós ficamos como “UHUM, comemos sim gato, é o nosso prato favorito”. ;)