O que eu aprendi não visitando a Casa Rosada

Olá, internet! Já escrevi alguns posts sobre a minha experiência visitando Buenos Aires: cidade linda e muito charmosa, e que também é fácil de chegar para quem está no Brasil! Aos poucos, estou tentando escrever sobre pontos interessantes que visitei e que acho que uma visita possa valer a pena (ou não, né). Hoje eu queria falar sobre a Casa Rosada, mas acho que sobre um ponto de vista que eu nunca fiz (na verdade, com exceção sobre os banhos termais de Budapeste).

Você pode gostar também: O principal banho termal de Budapeste

20160911_110053

Dentro do Museu Casa Rosada (que é um museu aberto ao público atrás da própria Casa Rosada)

O que é a Casa Rosada?

É a sede da presidência Argentina, e ela se localiza na capital, Buenos Aires, bem em frente à Plaza de Mayo, que é outro local icônico para conhecer. Ali é onde o presidente trabalha, e a edificação em si é bem bonita.

Felizmente, ela é aberta ao público, e relatos dizem que a visita é bem interessante.

Pois é…

Acontece que a Casa Rosada era um dos meus pontos de interesse em Buenos Aires. Queria conhecer, marquei a localização no mapa e busquei a melhor maneira de chegar até lá. Era um domingo, e iria aproveitar a deixa para ir andando até San Telmo, ali pertinho.

Mas essa viagem foi diferente. Chegaríamos por Montevidéu, passaríamos algumas horas em Colonia, e o resto das nossas férias seriam em Buenos Aires. Um pouco antes da nossa ida, uma prima nossa nos deu várias dicas sobre a viagem, e nos recomendou uma empresa que montou um roteiro para ela. Era só elogios.

p1140439

Pensamos assim: fiquei de planejar a primeira parte da viagem, que englobava Montevidéu e Colonia. Como já teríamos o roteiro de Buenos Aires, nem me preocupei com nada, pois deixei a cargo dos profissionais. Isso quer dizer: zero pesquisas no google sobre Buenos Aires e o que visitar.

Como previsto, a primeira parte da viagem foi maravilhosa! Deu tudo certo, e tudo que planejei correu bem. Já a segunda não deu certo parte por culpa minha, e parte por causa desse roteiro.

A minha culpa ficou centralizada com a questão do dinheiro. Montevidéu foi tão bem planejada que até o dinheiro foi bem contadinho: o suficiente para fazer tudo que pretendíamos sem passar nenhum tipo de aperto. Já Buenos Aires é uma cidade bem mais cara que pensávamos, e conforme os dias foram passando, percebemos que a conta não iria fechar! Nem almoçamos no último dia pelo fato de que o único dinheiro que nós tínhamos era pro táxi para chegar ao aeroporto. Te juro que em toda minha vida de viajante eu nunca passei por tanto sufoco financeiro assim.

Por causa dos momentos de austeridade, não fomos ver o tango! “Como você pode ir em Buenos Aires e não assistir ao tango”, você pode perguntar. Pois é, fiquei chateada também. Essa empresa ofereceu passeios para ver o Tango, para ir até o rio Tigre e outras coisas, só que não tinha dinheiro! Por isso, parte da culpa foi minha também, ao não aproveitar os passeios que eles ofereciam.

Mas o resto que envolvia questão de roteiro teve dois furos que considero amadores. Nós até chegamos a perguntar se havia a possibilidade de recebermos o roteiro antes, só por curiosidade, mas a pessoa responsável disse que não. Até entendemos, pois qualquer outra pessoa pegaria o roteiro, sumiria e não daria mais satisfações, nem pagaria o que era devido. Por causa disso, só recebemos todo o roteiro no dia que chegamos.

20160910_105614

Mais Cores

Então, logo nesse domingo, estava prevista uma visita à Casa Rosada, e fomos lá. A menina da agência disse que o passeio era maravilhoso e que nos encantaríamos com tudo. Até iríamos, se não fosse o fato de que é necessário um agendamento prévio da visita por email, e que as vagas são limitadas por dia (e olha que a visitação não é aberta todos os dias da semana). Ou seja, a visita à Casa Rosada de fato estava acontecendo no domingo, mas não pudemos entrar pelo fato de que não reservamos a visita por email. Foi bem frustrante ver várias pessoas entrando lá, e nós ficando de fora.

O outro furo que preciso falar foi o Malba. Muitas pessoas não gostam de visitar museus, mas eu adoro! A sigla Malba significa Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, e dentre tantas obras expostas ali, uma das mais famosas é o Abaporu. Sempre sonhei em ver esse quadro tão icônico para a arte brasileira, e ele estava ali pertinho de mim. Acontece que neste roteiro, a visita para o Malba (e para o bairro de Palermo, em geral), estava prevista para a terça-feira, e adivinha o quê? O Malba abre todos os dias da semana, exceto às terças feiras!! 

Finalizando o desabafo

Qualquer empresa que trabalha com turismo de determinado local tem que ter uma expertise muito boa em proporcionar o melhor para seu cliente, então espera-se no mínimo que quem trabalhe com turismo em geral, saiba como funcionam alguns pontos de interesse importantes da sua cidade que muito, mas muito provavelmente seus clientes terão intenção de conhecer!

Então eu acho que essa situação da Casa Rosada e do Malba foi muita ingenuidade, pois quem faz seu trabalho com o conhecimento adequado já indicaria essas duas informações: dia de funcionamento de certo local, e que para visitar outro, é necessário um atendimento por email.

A minha parcela de culpa e o que eu aprendi

E sim, não nego que tive uma parcela de culpa muito grande por não ter pesquisado! Eu sempre faço isso com qualquer outra viagem, e por confiar tanto no relato da minha prima, e ao mesmo tempo por querer ficar mais “de boas” sem ter que me preocupar em planejar uma viagem, deixando nas mãos de pessoas que eu achava que teriam o mínimo de conhecimento adequado para o turismo.

Eu deveria ter pesquisado sobre a empresa, e obviamente sobre os lugares que eu queria conhecer (e isso inclui dias e horários de funcionamento, como funcionam os ingressos, quanto custa, e afins).

Então a lição que fica para sempre, e que eu vou falar isso para qualquer pessoa que me perguntar é: pesquise! Não confie 100% em outras pessoas enquanto você está fora da sua zona de conforto. Tenho certeza que eu, e outras pessoas que fazem tantos posts em seus blogs tem toda a boa vontade do mundo de ajudar, seja recomendando um local que você nem imaginava, ou dando dicas para melhorar a experiência em outros.

Post foi bem de desabafo hoje, mas eu sinto que precisava disso. É isto, e obrigada se você leu até aqui. :)

20160911_161937

Museu da Casa Rosada, em Buenos Aires

Anteriormente conhecido como Museo del Bicentenario, este museu foi construído em 2011 durante o governo da então presidente Cristina Kirchner, e este local foca em apresentar o passo a passo da construção da nação argentina desde seu início através de objetos, vídeos e outros artefatos (por isso o nome Bicentenario, pois o país completara 200 anos de existência em 2011). Com o novo governo Macri, o nome foi trocado e passou a se chamar Museu da Casa Rosada, como forma de desvincular a imagem do governo anterior, mas a essência é a mesmíssima.

Bandeira da Argentina, localizada na Plaza de Mayo (em frente à Casa Rosada)

Bandeira da Argentina, localizada na Plaza de Mayo (em frente à Casa Rosada)

Antes de continuar a comentar, eu fiquei muito chateada, pois eu não visitei a Casa Rosada, e em breve vou fazer um post sobre isso.

Enfim, não visitamos o prédio da sede do governo argentino, porém tiramos fotos do exterior, que foi o que deu (que triste) e continuamos o planejado do dia visitando o Museu Casa Rosada (o tema do post, mesmo). Ele se localiza nos fundos da Casa Rosada, na av. Hipolito Yrigoyen: a entrada é uma estrutura de vidro.

A visita começa numa sala que possui um vídeo explicativo e alguns objetos e imagens sobre o local onde o museu se encontra: as ruínas da antiga aduana Taylor. Segundo o que foi explicado, a Casa Rosada foi construída às margens do Rio da Prata e as galerias da aduana ficavam obviamente debaixo d’água. Ou seja, todo o espaço daquele museu originalmente era todo afogado, e se você olhar no mapa, as margens do Rio da Prata se encontram muito mais longe que seu curso original – depois do novo bairro de Puerto Madero.

Dentro do Museu Casa Rosada

Dentro do Museu Casa Rosada

A visita continua com uma espécie de linha do tempo: desde a Revolução de 1810 até os dias de hoje. Cada “era”, digamos assim, é dividida entre os arcos das galerias, com cada espaço representando sua época devida, através de um rico acervo composto de objetos importantes, quadros, documentos, fotos e vídeos explicativos que ajudam a entender o contexto da história argentina para leigos.

20160911_110635

20160911_110539

20160911_111244

Essa linha do tempo que citei acima é dividida em 14 partes que são denominadas em:
– De la Revolución;
– La anarquía. Rosas, el restaurador de las leyes. Unitarios y Federales;
– Organización del Estado Nacional;
– Gran inmigración y el orden conservador;
– Del sufragio popular, el Radicalismo y las luchas sociales;
– De la década Infame al ascenso de Perón;
– El Peronismo;
– La Libertadora: La proscripción de las mayorías;
– La resistencia Peronista. Organizaciones políticas y sociales;
– La dictadura militar: El Proceso;
– La recuperación democrática y sus límites;
– El Neoliberalismo;
– La recuperación política, económica y social. El Bicentenario.

20160911_112406

20160911_112354

20160911_110923

Uma coisa que me chamou a atenção foram os vídeos. Eles me fizeram compreender de uma maneira simples, como que a história da Argentina se desenvolveu. Também adoro ficar admirando objetos antigos, o que enriquece muito este museu.

Para concluir, existe uma exposição permanente no local. A obra “Ejercicio Plástico” do artista mexicano David Siqueiros está conservada no local e uma guia fica explicando o contexto da obra, datada dos anos 1930. O que é mais interessante sobre essa obra é que ela é um sótão, literalmente.

20160911_120623

Este artista, o Siqueiros, pintou essa obra no sótão de uma casa em Buenos Aires, e o processo de recuperação (iniciado em 1990) exigiu que todo o cômodo fosse retirado, num processo pioneiro no mundo. Achei a obra meio obscura, até angustiante, mas é admirável e cheias de nuances para observar.

Estilo de "Ejercicio Plástico"

Estilo de “Ejercicio Plástico”

O Museu Casa Rosada (ou Bicentenario, para àqueles que ainda não se adaptaram à nova nomenclatura) é bem tranquilo e interessante. Ele não consome muito tempo de visita e se encaixa em diversas programações, por estar tão próximo de outras coisas que merecem visita em Buenos Aires. Vale muito a pena conhecer.