Onde se hospedar em Manaus?

Olá, internet! Hoje teremos mais um post da categoria Amazonas, e vou falar sobre um assunto que interessa muita gente que é a hospedagem! Quando se trata de sair de casa, o local que escolhemos para passar o dia (ou melhor, a noite) é de suma importância e pode nos revelar um pouco da característica do viajante.

Pois bem, aqui em Manaus posso dar minha contribuição como moradora, e por conhecer bem os bairros daqui (pelo menos eu acho haha), vou dividir esse post em duas categorias: trabalho e turismo.

Primeiramente, vamos falar de trabalho! Aqui em Manaus temos o Pólo Industrial, localizado majoritariamente no bairro do Distrito Industrial (nome muito criativo, não?). Isso quer dizer que aqui na cidade existem uma série de fábricas de vários setores, notadamente duas rodas, linha branca, bebidas, petróleo e gás, entre outras.

Por causa disso, o fluxo de pessoas de outros estados e países (especialmente os diretores e outros funcionários das fábricas) é muito alto, e normalmente essas pessoas costumam se hospedar no próprio bairro do Distrito Industrial, que possui uma série de hoteis de qualidade e que possuem a bandeiras internacionais, como Holiday Inn, Ibis, Comfort e Novotel.

Outros viajantes mais business que não focam em empresas do Distrito costumam ficar em bairros mais centrais (não confunda central com o bairro do Centro). Esses hoteis mais centralizados se encontram entre os bairros do Parque 10, Nossa Senhora das Graças e do Adrianópolis, que são locais de renda mais alta, e portanto, de melhor estrutura. Por exemplo, durante a Copa e as Olimpíadas, os times de futebol se hospedaram em Adrianópolis.

Além do pessoal business, essas regiões também atraem turistas, (já fazendo aqui a transição entre trabalho e turismo) mas é bom ficar claro de que essa área fica longe dos principais pontos turísticos da cidade, sendo obrigatória a locomoção por carro, táxi, uber, ou por algum tipo de shuttle. Apesar da distância, alguns hoteis da área como o Quality, o Mercury, o Ceasar Business e o Millenium ficam bem próximo a shoppings, e o acesso a bons restaurantes (por exemplo) fica bem mais fácil. Também nessa região ficam hoteis como o Blue Tree, Express Vieiralves, Hotel Adrianópolis e o Ibis budget.

Outro lugar bem procurado por turistas é a Ponta Negra, que muitos aqui consideram o local mais nobre da cidade. O local fica bem próximo ao rio, tendo um complexo tipo um beira-rio com vários quiosques e lojas, e também sempre com vários eventos, especialmente na região do anfiteatro. Ali existem dois hoteis, o tradicionalíssimo Tropical e o Wyndham Garden, normalmente o queridinho das celebridades e políticos.

O Tropical é de longe o hotel mais tradicional da cidade, mas já viveu dias melhores. Mesmo assim, continua sempre deslumbrante! Quando eu era criança, costumava passar os domingos no hotel, onde almoçava, ía ao zoológico e até de vez em quando dava um pulinho na piscina, que possuía aquelas ondas artificiais que achava beeem divertidas! Quando fiquei mais velha, ia jogar tênis de vez em quando lá.

Agora vamos falar do Centro da cidade, que é o local bem procurado por turistas, especialmente os mais aventureiros! Ali que se localizam os principais pontos turísticos da cidade (aka entorno do Teatro Amazonas), e apesar do nome do bairro ser Centro, ele se localiza bem na orla da cidade. Ele leva esse nome por ser o local onde a cidade nasceu, portanto, de onde tudo surgiu.

Ali se encontra uma grande variedade de hoteis e hostels. Confesso que não conheço a grande maioria e não sei sua qualidade, mas aparentemente a maioria deles não possui uma qualidade tão boa quanto em outras regiões da cidade. Mesmo assim, alguns dali parecem se destacar como o Boutique Hotel Casa Teatro e o Taj Mahal, que tem um restaurante giratório no topo. Existem também hostels de qualidade na região, e para tirar dúvidas (dos hostels e de outros hoteis do Centro), consulte as opiniões do Trip Advisor.

Uma dica para quem vai se hospedar no centro: muito cuidado. Infelizmente ali é uma das regiões mais perigosas da cidade, especialmente à noite.

Enfim, se você chegou aqui, muito obrigada! Espero que esse post tenha sido útil e aproveite sua estada aqui na cidade! :)

Pequeno escape: Praia do Açutuba

Olá pessoal! Faz um tempinho que não coloco meus pés dentro de um avião, então não tenho tantas novidades para trazer. Apesar de ainda ter muitas coisas para contar, falta coragem para começar a escrever alguns posts (tipo a visita na Bombonera e no Palácio de Versailles), mas um dia eles sairão, eu prometo! *sigh*

Como a crise tá braba a diversão fica por aqui mesmo, mas isso não é nada ruim, pelo contrário, eu morro de vergonha por não conhecer tantos lugares ao redor de Manaus. Pelo menos intenções não faltam de sair e explorar o que temos no nosso quintal.

Por exemplo, semana passada foi uma bela exceção. Na segunda feira de carnaval, meu pai me chamou para ir até a Praia do Açutuba, que fica aproximadamente 50 km de Manaus (contando o trajeto desde a saída da minha casa). A intenção era comer um peixinho na beira do rio e depois relaxar dentro d’água.

Como chegar?

Para chegar até Açutuba é necessário atravessar o rio. Para isso, hoje temos a bela Ponte Rio Negro que vai de Manaus até o município de Iranduba, localizado na outra margem (na verdade a cidade de Iranduba não se localiza exatamente nas margens do rio Negro, mas ali já é tecnicamente área do município).

O nome da estrada que leva até o destino é a AM-070, e depois da travessia, continue por 28 km e dobre numa bifurcação à direita – existem alguns quiosques e movimento, o que ajuda na localização. Até esse ponto, grande parte da estrada é duplicada e se encontra em perfeitas condições, com exceção de um pequeno trecho que ainda não está liberado para obras devido ao fato de terem sido encontrados artefatos pré-históricos ali.

Essa bifurcação dá acesso a um ramal, que é asfaltado mas possui muitos buracos – existem placas na entrada e durante o trajeto. Siga por mais 11km e então chegamos ao destino final. Existe estacionamento dentro, mas o espaço é mínimo, então acho que é melhor deixar o carro do lado de fora.

Pedacinho da praia

A praia

Como eu citei acima, fui no carnaval, agora em Fevereiro. Esta época é chuvosa no Amazonas, então já espere que as praias não estarão nas melhores condições. Naquele dia havia chovido mais cedo, então a areia estava com uma cor amarelada devido à umidade das chuvas.

(FYI: o ápice da cheia se dá entre maio e junho, enquanto o da seca acontece normalmente em novembro, ou seja, a faixa de areia é maior na época de seca, e ela é menor durante a cheia)

Açutuba é uma praia banhada pelo rio Negro, de águas escuras, e durante essa época do ano com o rio mais cheio que o normal, algumas árvores ficam embaixo d’água. Ali também tem um banana boat e similares, onde você contrata por alguns minutos e fica rondando o rio.

Não tive coragem de ir! haha

A estrutura

A estrutura do local é super simples, existem alguns restaurantes que oferecem comidinhas como peixe assado e acompanhamentos. Existem também mesas e cadeiras de plástico na beira da praia – simples, porém eficiente. Vale dizer que é interessante levar dinheiro vivo, pois não passa cartão lá (assim como em outros lugares pela estrada).

Mesmo sendo um feriado o local não estava cheio, e não houve nenhum problema em conseguirmos mesa e até que a comida chegou rápido. Tudo estava maravilhoso, com exceção do vinagrete, já que havia PEPINO picotado lá. Eu odeio pepino, e isso é uma das poucas coisas que me causa náusea só de sentir o cheiro. Infelizmente não havia como tirar esse ingrediente, então acabei comendo peixe sem vinagrete (o que para mim é muito triste).

Mas enfim, a praia aparenta ter um certo conforto, mas é tudo muito simples. Existem banheiros e chuveiros para tirar o excesso de areia.

Já era finalzinho da tarde, e o movimento estava bem tranquilo

A visita vale a pena?

Mesmo não tendo ido na melhor época, achei muito agradável a ida até Açutuba. O objetivo do dia – comer um peixinho assado e relaxar na água – foi alcançado. Também posso dizer que esse é o tipo do lugar que me traz bons sentimentos, já que este tipo de praia, com água de rio e muitas árvores ao redor, só se encontra em um lugar no mundo, e é bem aqui.

Apesar dali não ser a melhor praia que já visitei, ela é única e possui um charmezinho, porém acredito que pequenas coisas possam ser melhoradas, principalmente a estrutura física do local. Mas sim, vale a pena visitar Açutuba.

O desejado tambaqui assado

120 anos de Teatro Amazonas

Olá leitores, como estão?! Ando meio ausente nesses últimos dias, mas sempre estou em busca de novas pautas e assuntos para discutir aqui. Acabei percebendo que eu foquei tanto nas minhas experiências de intercâmbio e acabei deixando de falar sobre a minha casa, Manaus, a Paris dos Trópicos!

Tem tantas coisas para falar sobre Manaus que eu poderia deixar um blog exclusivo sobre a terrinha, mas aproveitando a deixa vou falar hoje sobre o nosso símbolo máximo, o lindo Teatro Amazonas!

SPOILER: Esse post será completíssimo e vou abordar sobre história, curiosidades, como é o teatro por dentro, e se a visita guiada vale a pena.

Já visitei o teatro em inúmeras oportunidades, tanto como turista, espectadora e artista. Sim, isso mesmo! Já tive o privilégio de me apresentar no palco do Teatro Amazonas, numa noite que foi simplesmente inesquecível!

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Entenda a história

O Teatro Amazonas é um grande motivo de orgulho para todos aqui, e ele faz parte de um contexto histórico admirável. Sua inauguração ocorreu em 31 de dezembro de 1896, numa época extremamente próspera para a capital do Amazonas.

Entre o final do século XIX o o início do século XX, Manaus enriqueceu rapidamente devido ao ciclo da borracha. Com o início da industrialização e da indústria automotiva no mundo, a demanda por borracha aumentou significativamente. O látex (seiva que dá origem à borracha) extraído da seringueira amazônica era o de melhor qualidade para a vulcanização, o que fez com que os olhos de grandes industriais se voltassem para a Amazônia.

Com isso, proprietários de terras e feitorias que se especializavam na extração do látex, assim como outros intermediadores e comerciantes da área enriqueceram muito rápido (às custas da exploração dos seringueiros). Essa população abastada demandava uma série de serviços, e um dos pedidos foi a construção de um teatro.

Se passaram 15 anos entre a apresentação do projeto e a inauguração do Teatro Amazonas, durante o governo de Eduardo Ribeiro. Vale ressaltar que durante este mandato, vários prédios importantes em Manaus foram construídos sob forte influência europeia, como a Alfândega, o Palácio de Justiça, o Reservatório do Mocó e outros. Essa época é conhecida como “Belle Époque”.

Café dentro do TA

Café dentro do TA

O teatro

O teatro é imensamente luxuoso e cheio de detalhes em várias partes. Começando pela plateia, em forma de ferradura, olhamos para cima. Vemos de cara um lustre maravilhoso que parece ser o centro de um desenho. Se prestarmos atenção direito, notamos que parece que estamos vendo a base da Torre Eiffel. Ao redor dela, representação de 4 artes: Dansa (dança), Música, Tragédia e Ópera.

Lustre + Torre Eiffel + Artes

Lustre + Torre Eiffel + Artes

Em vários cantos do teatro vemos a apresentação do número 1896, o ano da inauguração do local. Atualmente a plateia é composta de uma série de confortáveis cadeiras de veludo, e considerando também frisas e camarotes, o teatro comporta 700 pessoas.

"Anno 1896"

“Anno 1896”

Ao redor da plateia, vemos várias máscaras ornamentadas com nomes de compositores como Verdi, Mozart, Wagner, dentre outros. Em todo lugar que você olha, percebemos muitos tons dourados e vermelhos, deixando o ambiente com uma forte personalidade.

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O palco de madeira é muito próximo ao público, e logo verificamos os dois camarotes ao seu lado. Como na maioria dos teatros do mundo, esses lugares eram os mais disputados pelas pessoas da alta sociedade manauara, pelo fato de que ali, era o melhor lugar para serem vistos. Por contrapartida, esses eram os piores lugares para assistir às apresentações.

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Subindo as escadas, temos acesso ao segundo e ao terceiro piso. Logo percebemos o piso, feito de madeira, contrastando tábuas claras e escuras, para representar a dualidade do Encontro das Águas. No segundo piso se encontra o Salão Nobre do Teatro Amazonas, local onde as pessoas se reuniam nos intervalos e após as apresentações.

Corredores do TA. Dizem que existem fantasmas no local.

Corredores do TA. Dizem que existem fantasmas no local.

O salão nobre é tão decorado quanto a plateia. Dois espelhos, posicionados nas laterais do local dão a impressão de vista infinita. Sempre me encantei com eles desde criança! O teto maravilhosamente pintado com os anjos encanta o lugar. Se você fixa o olhar no anjo principal, a sensação que dá é que ela te segue por onde você vá.

Teto do Salão Nobre

Teto do Salão Nobre

As laterais do salão nobre também possuem pinturas que remetem a temas regionais. Onças, floresta e uma série de outras características da Amazônia são retratadas numa bela e honrosa mistura de clacissismo europeu e realidade amazônica.

Floresta

Floresta

Existe uma varanda anexada ao salão nobre. De lá, temos vista privilegiada do Largo de São Sebastião, da igreja que leva o mesmo nome e outros prédios adjacentes. Antigamente, quando não haviam muitos prédios em Manaus, uma boa parte do Rio Negro era vista dali. Hoje não dá para ver mais nada.

Também são abertos ao público a visita a uma sala dos figurinos, e outra com instrumentos musicais e outros equipamentos utilizados antigamente. Uma escultura de Lego representando o teatro também se encontra no primeiro piso.

Figurinos utilizados no fim do século XIX

Figurinos utilizados no fim do século XIX

Visitas guiadas

Acabei fazendo a visita guiada em inglês, já que era a disponível na hora que cheguei. Como sou daqui, a entrada é franca, mas para demais brasileiros e estrangeiros, o ingresso custa R$20. A visita guiada dura cerca de 40 minutos, mas é possível fazer visitas livres também.

Como sou entusiasta da história do Amazonas e já estudei muitas coisas sobre o teatro, a visita guiada não me trouxe informações novas. Porém para uma pessoa que não conhece muito sobre a história do estado nem do teatro, ouvir a explicação do guia parece ser interessantíssimo.

Três andares

Três andares

Porém senti falta de conteúdo. Uma coisa que adoro fazer é visitar todo tipo de museu e teatro nos lugares que vou, e todos seguem um padrão específico. A impressão que tive foi que nosso guia nos orientou mais para tirar fotos do que para explicar curiosidades e fatos sobre o teatro, que são muitos, em quantidade bem maior do que foi explanado. Espero que isso varie de guia para guia.

Algo que me incomodou (não sei se é a crise que o Estado, mantenedor do Teatro, está passando), foi a falta do ar condicionado. Ele existe sim, mas ele não foi ligado durante a visita. Já estou acostumada com o calor daqui, mas tinha um senhorzinho gringo que estava todo suado, deu pena dele.

A visita guiada vale a pena? Sim, com certeza! O Teatro é a nossa pérola e merece ser visto por todos os que passam por Manaus – a visita é tranquila e não compromete demais passeios.

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Outras apresentações no Teatro Amazonas

Sempre existem várias coisas acontecendo no Teatro Amazonas. Entre abril e maio (a data varia a cada ano), acontece o Festival Amazonas de Ópera, onde todos os dias, diversas apresentações acontecem tanto no TA como em outros lugares na cidade.

Antigamente o festival era maior, mas promete voltar a crescer. Ano passado eu assisti uma ópera durante esse festival chamada “Adriana Lecovreur” e foi excelente! Teatro lotado, atores fantásticos e tudo muito bem organizado.

Palco

Palco

Outras atrações como shows, apresentações de dança e outras manifestações culturais acontecem no Teatro. Normalmente todo domingo tem apresentações, mas é bom consultar a bilheteria do local para mais informações. Acredito que não aconteceu ano passado, mas outros dois festivais também acontecem no Teatro e ao seu redor, que são o Festival de Teatro e o de Cinema. Já fui a ambos e o público amazonense adora!

O Teatro Amazonas é aberto ao público, de segunda a sábado as 9 às 17h. Para mais informações, acesse o site da Secretaria de Cultura do Estado.

Espero que tenham gostado do post! Para tirar qualquer dúvida sobre Manaus, meu email está localizado na aba “contato”. Até mais!

Passeio de barco na Amazônia

Oi gente! Acho que já devo ter comentado isso em posts anteriores, mas 2016 está sendo um ano bem fraquinho em relação a viagens para mim. Não gosto de não ter assunto para comentar aqui, o que me deixa bem triste pois sempre gosto de ficar atualizando tudo que eu passo e aprendo em experiências fora da minha cidade. Mas chega de choro e vamos à luta! Creio que em breve terei novidades para contar, e hoje vou falar sobre o itinerário de um passeio que fiz semana passada.

Então, aqui em Manaus existe uma série de empresas de turismo que fazem um passeio de barco pelos arredores da cidade, mostrando uma “palhinha” do que há de melhor da Amazônia. Com o almoço e água inclusos o passeio ainda oferecia:

  • Ida ao Encontro das Águas;
  • Visita à comunidade do Catalão;
  • Fotos com preguiça, cobra e jacaré;
  • Avistamento da Vitória Régia;
  • Ida no pesque e pague com direito à mergulho no rio;
  • Nado com os botos;
  • Visita à tribo indígena.

O passeio custou R$ 120 e até onde eu sei se encontra na faixa média de preços aplicados pela maioria das empresas do segmento. Geralmente esses passeios ocorrem na sexta, sábado e domingo, e tem uma duração de aproximadamente 7 horas. Acho interessante você não marcar nada no resto do dia, pois esse é um passeio extremamente gratificante, porém cansativo.

Então, saímos do Porto de Manaus localizado próximo à Praça da Matriz às 9 horas da manhã, num lindo sábado ensolarado. Sorte nossa que não choveu, e ainda pegamos uma boa época do ano para navegar. Agora no final de maio e início de junho é que tradicionalmente os rios se encontram mais cheios, e em 2016 o nível do rio não subiu tanto, comparado a outros anos como 2012, onde aconteceu a “cheia histórica” que inclusive alagou várias ruas no Centro da cidade. Entre meados de outubro e novembro o rio se encontra muito baixo, às vezes impedindo a navegação por certos trechos, o que não é tão interessante para o turista.

A primeira parada era o Encontro das Águas, que obviamente tem esse nome por ser o ponto de encontro entre os rios Negro e Solimões. As águas dos dois grandes rios nunca se misturam por diferenças de velocidade, temperatura e pH, o que deixa uma divisão óbvia para todos aqueles que passam por ali.

O rio Negro é o que banha quase toda a orla de Manaus, com águas escuras e ácidas. A nascente deste rio se encontra na Colômbia, e desce pela região noroeste do Amazonas, passando pelos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos (que foi a primeira capital do Amazonas nos anos 1800). Para fins de curiosidade, o rio Negro também abriga os dois maiores arquipélagos fluviais do mundo: Mariuá e Anavilhanas.

Já o rio Solimões nasce no Peru, e aos poucos é alimentado por diversos rios tributários, e também aos poucos vai aumentando de largura e intensidade. De fato, o rio só se chama “Solimões” ao passar da tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia, na cidade de Tabatinga. Após o Encontro das Águas, o Solimões passa a ser conhecido como rio Amazonas, e assim fica até a foz no Atlântico.

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Bem, existem alguns passeios em que é possível mergulhar no Encontro das Águas! Nesse não pudemos, por causa do tempo corrido. (O que pra mim está ótimo, risos)

Bem, em seguida passamos na frente da comunidade do Catalão, que tem todas as suas casas flutuantes! Tanto os “flutuantes” como as “palafitas” são tipos de construções bem presentes nas margens dos rios da Amazônia. Os flutuantes são construídos em cima de uma espécie de tonéis que flutuam na Água, assim a estrutura segue a altura dos rios o ano inteiro. Já as palafitas são construídas um pouco mais altas da terra, mas nem sempre elas são seguras, especialmente no caso de uma cheia muito forte que pode ultrapassar a altura do assoalho das casas.

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Flutuantes, atrás da vegetação

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Flutuantes

Palafitas ao longe

Palafitas ao longe

Essas comunidades são muito interessantes e se espalham ao redor dos rios da Amazônia. Seus habitantes geralmente são conhecido como “ribeirinhos” e sobrevivem da própria subsistência.

Enfim, logo após paramos numa pequena casa localizada no flutuante onde a família cria os animais que os turistas tiram foto: geralmente são a preguiça, a cobra e o jacaré. Eu não tive coragem de segurar a cobra e o jacaré, porém matei a curiosidade de saber como é a textura da pele deles!

Sandy e a preguiça

Eu e a preguiça

Para aqueles que acreditam que essa exposição dos animais é crueldade, não se espantem ao saber que essa prática de turistas tirarem foto é bem comum. E sendo daqui e conhecendo a realidade da região, não tem como ver maldade nisso. As famílias cuidam desses animais como se fossem domésticos e recebem comissão das empresas de turismo, o que acaba sendo uma espécie de fonte de renda para as elas.

Enfim, seguimos caminho e chegamos ao flutuante onde almoçaríamos. É bem comum irmos a flutuantes próximos à cidade no fim de semana, porém esse que fomos era mais direcionado ao turismo do que entretenimento, como os mais populares. Nesse flutuante também pudemos ver as Vitórias Régias, provavelmente uma das plantas mais reconhecidas da Amazônia.

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Essas plantas são bem grandes e reza a lenda de que elas aguentam o peso de uma criança pequena. Existem relatos de vitórias-régias encontradas com 2 metros de diâmetro, mas as mais comumente encontradas variam entre 1 e 1,5 metro de diâmetro.

Esse flutuante, assim como vários outros nas proximidades possui uma lojinha com souvenirs indispensáveis para quem vem à Amazônia. Porém acredito que existem locais mais baratos, como na feirinha da Eduardo Ribeiro aos domingos.

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Enfim, após o almoço fomos a um pesque e pague onde podíamos “pescar” o Pirarucu! Esse peixe é enorme, às vezes chegando a 2 metros de comprimento. Eu coloquei pescar entre aspas por que esse peixe não se pesca com vara, e sim com rede, devido ao peso e força do bicho! Mesmo assim, às vezes é necessário ter mais de um homem na água para ajudar com a rede.

Decidimos pagar 10 reais por 3 tentativas. Mesmo sabendo que não ia dar certo, foi ótimo sentir a força desse animal! Ele pega a isca com uma força descomunal, tendo que ter muita força nos braços! Vale lembrar que o pirarucu é ameaçado de extinção, e sua pesca só é permitida em viveiros autorizados. Até para levar a carne do peixe para fora de Manaus, por avião é necessária uma burocracia imensa, precisando apresentar nota fiscal e tudo.

No momento que pega a isca

No momento que pega a isca

Ainda dava para mergulhar ali, mas fiquei receosa por que ao meu ver, aquela área parecia ser ideal para os jacarés. Sou medrosa mesmo e admito, hehe.

Então, de lá partimos para nadar com os botos! A viagem seria longa, aproximadamente uma hora pelo rio Negro. Chegando lá, tomei coragem e fui nadar com os lindos!

Eu já tinha tido essa experiência anteriormente em Novo Airão, porém valeria a pena tentar uma segunda vez. Os botos ali eram de cor cinza, também conhecido como boto tucuxi. Eles são muito dóceis, gostam de brincar e de fazer gracinhas com as pessoas. A textura de sua pele lembra a de borracha, e esses minutos com os botos na água foram cheios de “oooohhs” e “ooownnns”.

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Vale lembrar da “lenda do boto”! Dizia que o boto em noite de lua cheia, se transformava em homem e vagava pelas praias dos rios à procura de mulheres para seduzir. Geralmente elas engravidavam e diziam que a criança era filha do boto. Hoje em dia percebemos que era uma desculpa que as meninas davam para os pais para justificar os filhos que nasciam antes do casamento.

Para finalizar, chegamos na tribo indígena. Existem algumas agências de turismo daqui de Manaus que oferecem uma estadia de fim de semana completo em algumas tribos, porém o nosso caso foi apenas uma visita rápida mesmo. Eles se apresentaram, fizeram umas danças típicas e no final nos chamaram para dançar com eles!

Tivemos tempo de comprar algumas lembrancinhas indígenas. Eu comprei uma flauta, daquelas tipo peruanas, e foi meu único investimento em souvenirs por toda a viagem.

A oca principal

A oca principal

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Amazonas, Brasil!!

Amazonas, Brasil!!

Assim o nosso passeio terminou. O dia foi repleto de paisagens incríveis, sensações inesquecíveis e claro, sentindo o grande prazer de fazer parte disso, de ser amazônida! As minhas amigas de São Paulo que estavam junto comigo procuraram se entregar ao clima e amaram a experiência! Esse tipo de turismo de aventura é essencial para quem quer visitar Manaus, e com certeza é um investimento que vale a pena!

Curiosidades e fatos sobre Manaus

Olá todo mundo! Hoje eu vou compartilhar com vocês algumas coisas sobre a minha querida cidade de Manaus e também sobre a linda Amazônia que nos rodeia. Não é sempre que as informações sobre a nossa região são apresentadas para o resto do país, ajudando a aumentar o clima exótico e cheio de mistérios que rodeiam nosso pequeno pedaço de mundo, então espero matar um pouco da curiosidade de vocês! :)

  • A região onde se encontra Manaus, assim como a maior parte da Amazônia se localizava no lado espanhol do Tratado de Tordesilhas. Durante a União Ibérica os portugueses começaram a estabelecer uma série de fortificações ao longo dos rios da bacia amazônica para fortalecer sua posição, o que foi ratificado pelo Tratado de Madri de 1750 com o estabelecimento de novas fronteiras.
  • A maior parte dessas fortificações originaram cidades pelo estado, como por exemplo Tabatinga, Tefé e até mesmo Manaus, na época chamada de vila da Barra do Rio Negro.
  • Hoje em dia não existem mais ruínas do que foi um dia o forte da Barra do Rio Negro. Historiadores estimam o lugar aproximado, porém nada foi encontrado.
  • Manaus não foi a primeira capital do Amazonas. O título pertenceu à cidade de Barcelos até 1808.
  • O nome “Manaus” originou-se a partir de uma tribo indígena que morava nos arredores da cidade e eram chamados de “Manaós”.20140928_164643
  • A cidade de Manaus passou a ser muito rica e próspera a partir da década de 1870 devido ao comércio da borracha, que começou a ter grande importância nas incipientes indústrias após a descoberta do processo de vulcanização. O látex extraído da seringueira brasileira tinha uma qualidade muito maior que as africanas, até então as líderes do mercado.
  • Com a riqueza da borracha, temos em Manaus a “Belle Époque”, época onde uma série de prédios clássicos foram construídos, como o Teatro Amazonas, o Palácio da Justiça, a Alfândega, a Igreja da Matriz, dentre outros.
  • Os prédios da Alfândega e o Teatro Amazonas foram pré-moldados na Europa e foram só montados aqui. A cúpula verde e amarela do teatro foi comprada posteriormente na Europa, onde foi vista numa exposição.
  • Manaus foi a primeira cidade do Brasil a ter energia elétrica pública, sendo Buenos Aires a pioneira da América Latina. Algumas pessoas oferecem esse título à cidade de Campos, no Rio de Janeiro, porém lá a energia provinha de combustível e não de transformadores como em Manaus. A tecnologia para o estabelecimento de redes de energia elétrica por aqui veio dos ingleses, que tinham muita influência econômica na região.
  • Os ingleses também construíram o porto flutuante da cidade, também conhecido como “Rodway”. Esse tipo de tecnologia foi pioneira no mundo inteiro.P1030892
  • As pessoas de Manaus eram tão ricas na época da borracha que as mulheres mandavam lavar sua roupa em Paris pois acreditavam que as águas escuras do rio Negro poderiam manchar os tecidos.
  • Falando em Paris, durante a época da borracha Manaus era conhecida como “Paris dos trópicos”, título mantido carinhosamente até hoje.
  • Por volta de 1910 a economia da borracha declinou drasticamente. O motivo foi que na década de 1870 sementes da seringueira foram contrabandeadas por um aventureiro inglês e a coroa britânica as plantou na Malásia, num sistema de cultura muito mais eficiente que acabou quebrando os seringalistas amazonenses assim que as árvores amadureceram. Esse foi considerado um dos primeiros casos de biopirataria do mundo e o ladrão foi nomeado lorde. Um tanto injusto, não?
  • A economia do Amazonas ficou estagnada até a década de 60, quando a Zona Franca de Manaus foi instalada. Até hoje o Pólo Industrial tem importância vital na economia do estado e representa uma boa fatia da produção industrial do Brasil.
  • A UFAM (Universidade Federal do Amazonas) foi fundada em 1909, e é considerada a universidade mais antiga do Brasil!

    Teatro Amazonas

  • Na sua fundação, a universidade era espalhada por vários prédios pelo centro da cidade, e nos anos 1970, o campus foi transferido para uma área verde próxima ao Distrito Industrial, onde se mantém até hoje. O campus da UFAM é considerado uma das maiores áreas verdes urbanas do Brasil.
  • Manaus é conhecida por ser uma cidade muito quente! A temperatura registrada mais baixa de toda a história foi de 12,1 graus em 1989 e a maior de 39 graus ano passado, com a sensação térmica passando dos 40 e poucos graus.
  • Pela localização, Manaus de vez em quando sente tremores de terra quando ocorrem terremotos nos Andes. Neste ano sentimos mais um desses reflexos devido a um terremoto no Peru próximo a fronteira com o Acre.
  • Em 2011 foi inaugurada a ponte Rio Negro, que liga Manaus ao município de Iranduba, localizado na outra margem do rio. Os dados são impressionantes: maior ponte estaiada do país e também a maior ponte fluvial do Brasil, com 3,6 km de extensão. O preço também foi impressionante: mais de 1 bilhão de reais.

    Manaus vista de longe

    Manaus vista do rio Negro

  • Ultimamente a ponte está no escuro. O motivo é que os fios de cobre que a iluminam foram roubados. Educação é difícil, hein?
  • Existe uma grande falha geológica nas proximidades da Ponte Rio Negro. Por bastante tempo não acreditei, mas meu pai que é geólogo confirmou isso, e que a descoberta se deu durante as construções da ponte.
  • O nosso lindo Teatro Amazonas por muitos anos foi de cor azul claro. Após uma restauração nos anos 90, ele foi pintado novamente de rosa, que era a cor original.
  • Na frente do Teatro Amazonas, encontra-se o Largo de São Sebastião, sempre com várias atividades culturais. Numa reforma nos anos 2000, uma série de esferas de borracha foram encontradas abaixo do largo: elas foram guardadas lá no caso de alguma crise econômica ou escassez da borracha.
  • Manaus é uma das cidades onde mais se consome peixe per capita no Brasil. Não é por menos, os peixes daqui são deliciosos e únicos no mundo inteiro, devido aos rios da Amazônia. Tem uma frase que diz: “quem come jaraqui não sai mais daqui”.

    Ponte Rio Negro

    Ponte Rio Negro

  • Falando nisso, existem pouquíssimos peixes (e animais em geral) no rio Negro. O motivo é simples, pois o rio Negro possui águas muito ácidas e com pouco oxigênio.
  • Mesmo com um grande “rio mar” na nossa frente, existem bairros na periferia de Manaus que não tem água. Em alguns casos, os habitantes dessas localidades só conseguem ter água na torneira durante à madrugada, devido ao baixo uso e melhor pressão vindas das áreas centrais da cidade.
  • A praia da Ponta Negra hoje em dia é artificial e fica aberta o ano todo. Antes, só havia praia durante o período da seca.
  • Muitas pessoas tomam banho na praia da Ponta Negra, mas a maioria dos manauaras não fazem isso por saberem que a qualidade da água ali não é das melhores. Além da Ponta Negra, existem muitas praias nos arredores da cidade que merecem ser visitadas como a praia da Lua, a praia do Tupé, a praia do Japonês e a praia Dourada.
  • Um dos passatempos favoritos do manauara aos fins de semana é ir aos flutuantes! Além de tomar banho de rio e praticar atividades como SUP (modinha entre os manauaras desde meados de 2013), os flutuantes servem boa comida, bebidas e alguns tem música ao vivo.P1130710
  • Uma das atrações mais buscadas pelos turistas é o “Encontro das Águas”, onde as águas do rio Negro e do rio Solimões se encontram. As águas nunca se misturam por diferenças de velocidade, temperatura e pH. A partir do encontro, o grande rio fica conhecido como “Amazonas”.
  • A impressão que eu tenho é que Manaus é mais reconhecida internacionalmente do que dentro do Brasil, em relação a turismo. Manaus sempre figura nas listas de destinos dentro do Brasil a se conhecer em listas internacionais.
  • Manaus possui o maior jardim botânico do mundo, o MUSA, localizada na reserva Adolpho Ducke, no bairro de Santa Etelvina. Lá, existe uma torre de observação gigantesca no meio da reserva, que ultimamente virou um destino turístico requisitado.
  • Manaus sozinha abriga 60% da população do Amazonas. Além da capital, a cidade de Parintins é a única a possuir mais de 100 mil habitantes no estado.
  • O estado do Amazonas também possui alguns fatos interessantes! É o maior estado do Brasil, possui o maior arquipélago fluvial do mundo (Mariuá, com mais de 700 ilhas) e nele também se localiza o Pico da Neblina, ponto mais alto do país com 2994 metros.

From Manaus with love

Olá! Pra quem não me conhece, eu sou a Camilla, tenho 24 anos, estou me formando em Ciências Econômicas e sou uma pessoa apaixonada por cultura em geral. “Cultura” é um termo muito abrangente que inclui uma diversidade de coisas, seja fotografia, literatura, gastronomia, e no meu caso também, aprender um pouquinho mais de nuances que representam diversos lugares do mundo.

Este é um relato pessoal de uma pessoa do Norte do Brasil que sente muito orgulho de ser manauara! Segue a leitura.

Pra começar, eu criei uma paixão pela geografia desde pequenininha. Quando eu tinha uns 5 ou 6 anos, acabei descobrindo um pequeno e antigo atlas na minha casa e me fascinei com a cartografia. Linhas que desenhavam fronteiras, pontinhos que indicavam a localização das cidades, e eu andava grudada com esse atlas pra cima e pra baixo.

Logo eu comecei a aprender algumas coisas. Aos poucos eu já havia decorado todos os países e suas capitais, a copa de 1998 me ajudou a conhecer as primeiras bandeiras, e com o passar dos anos fui nutrindo a minha curiosidade e conhecimento sobre o assunto.

Mas enfim, o que me fascinava na geografia era a diferença. Tantos lugares na Terra diferentes entre si! Montanhas, neve, praias, desertos e todo tipo de diversidade que eu via em fotos e vídeos que acabavam enchendo os meus olhos. Aos poucos eu comecei a abrir os olhos para as belezas do mundo e não prestando tanta atenção na minha região.

O tempo passou e eu comecei a olhar tudo que remetia à Amazônia como… trivial. “Só floresta… legal… mas nada demais”, eu pensava. Durante a minha adolescência às vezes eu ficava intrigada em saber que ainda existiam áreas verdes em Manaus, e na minha cabeça, essas áreas seriam muito melhor aproveitadas caso alguém construísse algo no lugar.

Por exemplo, antes eu morava numa casa que tinha um terreno baldio ao lado. “Baldio” por que não tinha nada construído – somente existiam lindas e grandes árvores que juntas pareciam formar uma caverna, e a minha maior vontade era entrar e brincar naquela caverna. Mesmo achando a área bonita, eu pensava que uma casa, como as outras da vizinhança, ficaria bem melhor naquele terreno gigante, e algo que me assustou muito há vários anos foi ter visto um ladrão que havia assaltado a casa de trás, ter pulado o muro e fugido através desse terreno. Quem sabe algum outro ladrão não se escondia ali? (Na época, eu achava que era alguém que tinha fugido de casa, mal sabia a inocente).

Mas enfim, eu passei no vestibular e comecei a frequentar a UFAM, faculdade que fica “no meio do mato”. Todo dia passando por aquela estrada que dá acesso à universidade e achando tudo tão comum… tão verde… tantas árvores… Óbvio que eu ficava muito intrigada ao saber que a minha universidade ficava no meio de uma área verde. Qual outra universidade também tem essa característica? :)

E então eu resolvi ter uma experiência diferente. Eu, aos 19 anos estava sentindo que estava muito na minha zona de conforto. Nunca tinha passado por desafios, nunca sofri longe da minha família, sempre tive tudo que quis na hora que eu queria… típico de uma pessoa mimada. E decidi mudar de vida! Mas para isso eu precisava de um choque de realidade e fui morar por dois meses na Rússia.

Sabe o atlas que me acompanhava quando eu era pequena? Ele era tão antigo que ainda mostrava o mapa da União Soviética. Eu ficava fascinada com o tamanho (sim) daquele país, e vendo que existiam outros países menores que compunham sua integridade territorial. Eu realizei um sonho chegando em Moscou, e naquele mesmo dia fui na Praça Vermelha, lugar onde tantos fatos decisivos para a história da humanidade aconteceram.

Logo depois, à meia noite, peguei um trem em direção ao interior, onde eu iria morar. Eu estava amando a sensação de liberdade e independência, e ao mesmo tempo dando o primeiro passo para mudar de vida.

Daí eu tive o wow moment mais incrível da minha vida! Eu saí da cabine do trem e fiquei no corredor, observando o movimento. Eu havia ido no inverno e ao redor da linha férrea uma série de árvores mortas estavam compondo o ambiente. E só.

Eu olhei para aquele clima cinza, a neve deixando os galhos das árvores com uma aparência tenebrosa, e nenhum sinal de vida ali… eu comecei a chorar! Nesse momento eu percebi que eu nasci e cresci na região mais linda do planeta e foi preciso ir pro outro lado do mundo para notar isso! Eu me senti a pessoa mais estúpida. Como eu nunca tinha parado para observar a beleza e singularidade da Amazônia?

Aos poucos isso foi se desenrolando. Quando as pessoas na Rússia me perguntavam de onde eu era, ninguém acreditava! Para os estrangeiros, e especialmente aquelas pessoas do interior russo que não tem planos de sair da cidade e descobrir algo diferente, ver uma pessoa de Manaus ali era quase como se ver um extraterrestre.

Dois meses se passaram e quando retornei ao Brasil, eu comecei a reparar pequenas coisas na nossa cidade e no nosso jeito de ser que nos tornavam diferentes de outros brasileiros.

Primeiramente tenho que falar da nossa culinária (ai, como eu adoro comida! haha). Temperos únicos (tucupi <3), frutas nativas daqui, a nossa grande variedades peixes, x-caboquinho (sim, sou louca de x-caboquinho, e com banana ainda, haha).

Também não escondo de ninguém que eu amo história! E acho uma pena que a história da Amazônia não seja tão difundida a nível nacional. Desde as expedições de Orellana, Pinzón e Vespúcio, a economia das drogas do sertão, toda a história envolvendo a província do Maranhão e Grão-Pará, e claro, o ciclo da borracha e a importância que o pólo industrial possui a nível nacional.

Poucas pessoas sabem que Manaus foi uma das primeiras cidades a receber energia elétrica no Brasil (segundo relatos, somente atrás do Rio de Janeiro). Ainda mais, registros históricos indicam que as mulheres mandavam lavar a roupa em Paris por acharem que as águas escuras do Rio Negro pudessem manchar suas roupas.

Eu também rotineiramente pela internet acabo achando coisas interessantes. Não sei se o fator ~Copa do Mundo~ ajudou, mas em algumas listas da gringa, Manaus aparece como uma das cidades mais reconhecidas pelos estrangeiros (top 3!). Leia-se: ao pensar em cidades no Brasil, geralmente se pensam em São Paulo e Rio de Janeiro, e em seguida Manaus! :)

E o que mais faz esses estrangeiros e pessoas daqui do Brasil mesmo a reconhecer a nossa cidade? Clima quente (ultimamente bem quente), comida gostosa, pessoas convidativas, monumentos históricos, conforto e modernidade e obviamente o fato de nós estarmos cercados pela floresta icônica que faz a nossa região ser a mais bonita do planeta!! (Desculpa a modéstia, mas é verdade :))

Falando na Amazônia, uma vez há muitos anos estava chegando em Manaus com um jovem japonês do meu lado. Ele não falou uma palavra, mas estava lendo um livro bem antigo, daqueles que você lê na vertical, e não na horizontal. No approach já, quase aterrisando em Manaus, eu olho pro lado e vejo a cara de espanto+fascinação que esse rapaz fez. Era tanta floresta que acho que nem ele acreditaria ver do alto.

Na verdade, é bem legal ver o pouso nos aviões chegando aqui em Manaus. Se você sentar do lado direito, provavelmente você terá uma linda visão do Rio Negro, um pedaço de floresta, a cidade, e agora a vista da Ponte Rio Negro. Fica a dica!

Apesar das nuances de metrópole, é comum de ver lindos pássaros voando durante o dia por aqui. Na minha faculdade eu já vi algumas preguiças. Na verdade, eu já vi preguiças em várias partes da cidade, haha. Quando eu estava na Hungria, saiu uma notícia de que um jacaré tinha sido visto nas proximidades da praia da Ponta Negra num lindo domingo de sol (risos).

Aqui no meu condomínio existem muitas árvores frutíferas. Tanto coisas mais regionais como abiu e pitomba como também outras espécies como manga, acerola, jambo e azeitona! Mesmo assim ainda é comum de ver áreas verdes por aqui na cidade (e eu pensando há alguns anos atrás que essas áreas poderiam dar lugar a altos e pomposos prédios…).

Mas claro, a minha cidade é linda mas possui sérios problemas. O sistema de transporte público deixa muito a desejar, trânsito caótico (distrito, 17h mandou um beijo), a violência infelizmente está numa crescente, e também vejo as coisas aqui muito caras.

Mesmo assim eu sinto o maior orgulho de ter nascido e crescido aqui! O amadurecimento chegou a mim com muita reflexão, e quando percebi a singularidade de Manaus, me senti uma pessoa extremamente privilegiada de conhecer essa região e posso chegar batendo no peito dizendo: “Eu sou daqui!”.

Pra terminar, eu queria dizer que não é toda cidade do Brasil que você pode viajar para o Caribe de estrada. Também é possível de tomar banho de cachoeira a uma hora de carro. Dar comida para os botos no meio do rio, talvez? Ver o encontro das águas lá de longe? Passar um fim de semana numa tribo indígena? Tá que essas últimas aventuras que citei não são exatamente em Manaus city, porém são algumas atrações que ajudam a fazer da minha cidade um destino turístico único para quem busca algo diferente.

Eu sou daqui e sinto o maior orgulho disso! Vem forte que eu sou do Norte! ;)

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