Hoje é dia 12 de abril de 2014 (22:35 da noite). Esse texto sairá de uma vez só, sem revisões, estética nem nada. Simplesmente vou colocar pra fora todos os sentimentos que me vêm à mente devido a esta data especial.
Nesse exato momento há um ano atrás (considerando jetlags) eu estava no aeroporto de Fortaleza super estressada pelo fato de que o meu voo para Lisboa havia atrasado. Por consequência, eu estava tomando um belíssimo chá de cadeira no aeroporto. A sorte? Havia um wi-fi, já que o meu 3G estava horroroso ali.
Fui bem viajante. Estava com uma sapatilha bem confortável, calças jeans nem tão apertadas, uma blusa de algodão da Betty Boop, uma mochila nas costas e uma bolsa no ombro.
Em Fortaleza eu havia comido um pão de queijo com coca-cola. Para mim, uma alimentação tranquila, que eu comeria tranquilamente sem passar mal ou coisa assim. Mas chegou uma hora em que eu estava com fome de novo, e o único cheiro que me vinha era o de café. Confissão do dia: eu odeio café e fiquei enjoada.
Pior ainda, eu estava morta de sono e essas cadeiras de aeroporto não são cômodas pra quem quer dormir. Nem deitar dava.
Esse estresse estava misturado com o medo de avião (eu tenho, acreditem!), e a ansiedade. Ao contrário da maioria das ansiedades que eu sinto, eu estava bem mais insegura. Será que alguém iria me buscar no aeroporto? Será que essas seis semanas seriam complicadas ao ponto de me fazer arrepender dessa decisão? Será que não era melhor eu ter ficado em casa? Onde que eu vou morar?
Isso que eu já me considerava uma pessoa “experiente” em termos de viagens… Um ano e meio antes quando eu fui pra Rússia eu não estava assim não. Felizmente, o meu coração estaria me preparando para uma incrível experiência!
Embarquei e sentei. A impressão que tive foi que o tempo voou! Simplesmente o avião decolou, eu jantei, dormi e já estávamos descendo em Lisboa. Geralmente eu me sinto presa numa eternidade que não passa dentro do avião… isso em viagens de 12 horas, e ali eu ficaria no voo por “apenas” 7.
Cheguei em Lisboa, passei pela imigração, comi alguma coisa e esperei o voo para o destino final. Eu estava muito, mas muito nervosa!
Era no “vai ou racha”. Entrei no avião e sabia que ali era pra valer. Segurei a respiração. Tentei dormir e não conseguia. Comecei a ver o mar abaixo de mim e não sabia onde eu estava. Deveríamos passar pelo mar? O mar virou terra de novo. A terra virou montanha. Estávamos nos Alpes. Isso significaria que eu estava perto de chegar, ou pelo menos uma boa distância já tinha sido percorrida.
Enquanto isso, o almoço foi servido e eu não consegui comer. Tomei um suco e comi o arroz, e outras coisas que eu achava que eu iria aguentar no estômago. Retiraram o jantar. Tentei dormir pra ver se o tempo passava.
Parecia que aquele voo de 3 horas estava durando mais do que o de 7 que eu tinha acabado de fazer. Então os Alpes acabaram. Embaixo de nós só havia planície. Eu sabia que estávamos chegando.
Do nada, eu vi um fio d’água brilhando com o pôr-do-sol. Percebi que eu via uma cidade ao redor desse rio. E pouco a pouco eu tive a certeza de que aquela forma da cidade e daquele rio era Budapeste! Fiquei extremamente feliz! Segunda confissão de hoje: cheguei ao ponto de chorar.
Desci do avião e fiquei esperando minhas malas. Confissão número 3: estava funcionando no automático, já que eu não sabia o que iria acontecer. Simplesmente deveria estar preparada para tudo!
A maior alegria foi quando eu vi o Zsolt carregando uma plaquinha com o meu nome! Alguém tinha lembrado de mim! Aquela pessoa que eu mandava vários emails para lembrar que eu estava chegando apareceu! Confissão número quatro: eu relaxei completamente ao vê-lo.
Tive o melhor buddy do mundo! Sem mais delongas, ele foi um amor comigo, do início ao fim. Sempre muito atencioso e gentil, ele me mostrou o melhor lado da Hungria, e desde o início ele se mostrou bem solícito em me ajudar. Eu acho que eu fui a única trainee que foi levada de carro ao redor do Danúbio durante o pôr-do-sol e o acender das luzes. Essa lembrança fica pra sempre!
Ele me levou pra casa e a princípio eu fiquei com medo. A vizinhança numa primeira vista parecia assustadora. Eu teria de atravessar um parque, e estava frio e escuro.
Do nada vem uma garota na nossa direção e era a Rekha, a minha roomate que participaria do projeto comigo. Ela foi um amor comigo desde o início também! Ela me mostrou a casa, me ofereceu o computador dela (já que era sábado e o wifi para mim seria liberado apenas na segunda) e já foi me chamando pra sair, mas eu não estava me sentindo bem.
Eu só queria tomar um banho e dormir. Não consegui dormir. Tomei um dramin e não adiantou. E digo que não adiantou nada, que eu não consegui fechar o olho e ainda vomitei tudo que eu havia comido nas últimas 24 horas.
Acordei horrível. Segundo a Rekha, havia pão na cozinha e umas sopas que ela havia buscado na escola. Só que o pão já estava mofado e a sopa estava fora da geladeira, e provavelmente já estava estragada. Não sei o que que ela estava comendo naquela casa.
O Zsolt voltou no dia seguinte e me ajudou a comprar o chip de celular e o passe de ônibus mensal. Depois ele me deixou em Margitsziget e depois é só história. Conheci muita gente boa naquele dia, que ficou na memória como um dos melhores dias ever. Me sentia dentro de um filme! O céu estava azul, a grama verde, o piquenique estava gostoso e as pessoas eram incríveis. Depois fui curtir o melhor pôr-do-sol da minha vida lá no Castelo de Buda.
Uau!
Agora depois de tudo o que eu escrevi (23:11) eu vou ler o post “Primavera em Budapeste“, escrito no dia 20 de abril do ano passado. Sim, eu não atualizei o blog com tanta frequência quando eu estava na Hungria, e convenhamos, eu tinha muitas coisas para fazer lá. :)
Uma outra coisa curiosa desse post é que ainda são 12 de abril por aqui, mas ele vai ficar com a data de 13 de abril, devido ao fato de que o horário que eu seleciono é de acordo com o GMT 0, e não com o GMT -4 de onde eu moro. De qualquer maneira, dia 13 de abril foi o dia de fato em que eu cheguei na Hungria.
Eu vou comparar o que eu escrevi agora com esse post do ano passado e verificar o quanto eu mudei em relação ao que se passou durante esse tempo. Uma coisa é certa: Essa foi a experiência mais preciosa da minha vida! Voltaria para trás e faria a mesma coisa de novo. E de novo. E de novo…